sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O negro na Coreia


Quando se assiste doramas, filmes ou videoclipes coreanos se percebe que raramente aparecem ocidentais, e quando aparecem quase sempre possuem o estereótipo europeu de aparência. Por isso muitos se perguntam: e a presença de negros no país? Qual o convívio deles com a população nativa? Será que ocorre preconceito? A matéria de hoje apresenta uma visão sobre estes e outros aspectos.

Tradições fortes

A Coreia sempre foi um país extremamente fechado a influências externas, principalmente do ocidente, o que resultou numa falta de miscigenação entre vários tipos de etnias, ao contrário do que aconteceu no Brasil. A interação com o mundo "de fora" quase sempre se deu na forma de invasões ao país (que já vimos em outra matéria daqui do site), o que causou à população (principalmente mais velha) uma certa desconfiança a qualquer estrangeiro, e isso se reflete na reação às pessoas que possuem um tom de pele mais escuro do que o dos coreanos. Isso não quer dizer que a população do país é extremamente racista ou violenta.

Estrangeiros no país

Basicamente quando se visita a Coreia do Sul, é bem notório que não existe bem uma separação entre etnia e nacionalidade. Não há uma miscigenação visível no país, o que faz com que essas duas noções se misturem tanto na realidade do povo coreano quando no entendimento deles do que significam estas palavras (voltaremos a este tópico novamente já já). 
     Esta homogeneidade na população faz com que qualquer pessoa que não esteja "no padrão" destoe muito na multidão, que é o caso dos ocidentais. E aqueles que possuem um tom de pele mais escuro ou um cabelo mais voltado para as raízes afro acabam se destacando ainda mais. Isto não significa que o povo coreano tenha uma cultura racista que denigre a imagem do negro em diversas ocasiões (como é visto em alguns países nos quais já houve um regime de escravidão africana). Os coreanos apenas não sabem como reagir por não terem uma vivência com outras culturas.
     Mas o que isso significa na prática? Ser negro na Coreia é ser encarado constantemente, apontado, tocado... Não com intenções negativas, mas como uma demonstração de surpresa ao ver alguém muito diferente do padrão coreano. As pessoas irão pedir para tirar fotos, tocar na pele ou no cabelo, e para eles estes atos não são vistos como uma gafe ou como falta de educação, mas sim como um choque cultural. E isto é mais comum entre os mais velhos, que provavelmente nunca viram uma pessoa assim na vida, do que entre os jovens, que provavelmente já tiveram professores de fora do país e que estão mais abertos a uma interação com outras culturas.
     É claro que também ocorrem casos de racismo, muitas vezes iniciados por pessoas mais velhas, como é o caso de alguns estrangeiros que vem para a Coreia procurando uma carreira no país mas que são rejeitados pelas empresas ou pelas escolas devido ao seu tom de pele, independente de suas qualificações.
    Outra curiosidade sobre a reação dos coreanos às pessoas com o tom de pele mais escuro, é que geralmente vão perguntar se você vem da África. Isso se deve à noção misturada de etnia e nacionalidade que vimos anteriormente. Para a população do país, determinados padrões de aparência são diretamente relacionados com um país, o que não funciona muito muito bem em nações com altos níveis de miscigenação como Brasil ou Estados Unidos.



Música e miscigenação


Recentemente, foi divulgado que o grupo Rania voltaria para o mundo da música depois de alguns anos sem material novo. Porém a relevação mais chocante foi a Alex, a nova integrante do grupo, uma garota afro-americana. A notícia se espalhou como uma bomba, mas causou controvérsias devido ao fato de que Alex não apareceu em nenhuma foto teaser junto com as outras garotas do grupo nem no videoclipe oficial. 
     Conseguimos ver o potencial de Alex nas apresentações ao vivo do grupo, mas ainda assim foi decepcionante o fato dela não estar presente em toda a coreografia (apenas no início e final da música). Para alguns fãs, esta é uma estratégia da empresa que agencia o grupo para medir se com esta nova integrante ocidental, o grupo possui mais destaque ou não. Para outros isso ocorreu devido ao fato dela ainda não ter aprendido toda a coreografia. Mas a verdade só o tempo dirá.
     Enquanto Alex é uma cantora afro-americana no mercado musical coreano, existem também cantores que são o resultado da miscigenação entre coreanos e negros.


Um bom exemplo é a cantora Lee Michelle, antiga finalista do programa Kpop-Star (SBS), que já foi trainee da YG e atualmente está na Loen (atual 1theK) e é filha de uma coreana com um afro-americano. Outra grande representante deste pequeno grupo é Insooni. Tendo estreado no mercado musical há mais de 40 anos, ela é considerada a diva do R&B coreano. Insooni teve uma infância muito difícil, sendo criada apenas pela mãe (coreana) e sendo vista como diferente pelos colegas de escola, por ter uma aparência diferente do resto da turma.


A população afrodescendente vive uma espécie de "vida de famoso no anonimato", onde se vive o dilema de ser o centro das atenções mas ao mesmo tempo não possui um grande destaque positivo na mídia. Mesmo não tendo grandes casos históricos de racismo, a Coreia do Sul ainda está num caminho de aprendizado, de como interagir com as diferenças e como elas nos tornam únicos.

Escrito por: Junot Freire
Agradecimentos à kpopper Thamy Ambromovich pelo conteúdo apresentado.
Fontes: [1][2][3][4][5]

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